segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Toda a Gente Diz Que Te Amo




Título Original: Everyone Says I Love You
Realização: Woody Allen
Ano: 1997

Usando um eufemismo, os anos 90 podem não coincidir exactamente com a melhor fase de Woody Allen. O que não quer dizer que os filmes dessa época não sejam brilhantes, são é um bocadinho menos que os anteriores . Desde "Manhattan Murder Mystery", passando por "Bullets Over Broadway" e este Everyone Says I love You, todas estas obras dos anos 90 valem a pena ser vistas, nem que seja só por uma vez. Tudo bem, não estão ao nível de "Annie Hall" ou "Hannah and Her Sisters", mas analisando bem, o contrário é que seria de estranhar. Nem todos os filmes têm de ser feitos para serem obras de arte que marcam a história do cinema e nem ninguém, por mais talento que seja, é capaz de o fazer. Woody Allen sabe-o bem.

Musical ao estilo clássico mas adaptado para o mundo moderno, Everyone Says I Love You é um filme leve e romântico sobre o amor nas suas mais variadas formas. Quando estão alegres, ou tristes ou melancólicas ou apaixonadas, as personagens desatam a cantar os sentimentos para toda a gente ouvir. De uma forma inocente e até tocante, despejam o coração em canções às quais se junta ainda o humor típico de Allen e o background habitual de uma Nova Iorque neurótica de classe média-alta.

A história é labiríntica. O filme abre com um muitos apaixonados, Holden (Edward Norton), a declarar o seu amor a Skylar (Drew Barrymore), ao som de"Just you, Just me". Os dois pretendem casar-se. Joe (Woody Allen) é um escritor a viver em Paris que colecciona relacionamentos falhados. A sua ex-mulher, Steffi (Goldie Hawn), e o seu marido actual, Bob (Alan Alda), ficam com a difícil tarefa de o confortar de tantas desilusões e de lhe tirar da cabeça a ideia do suicídio. A narradora da história é D.J. (Natasha Lyonne), filha de Steffi e Joe. D.J. é uma sonhadora que pensa descobrir o verdadeiro amor em cada novo namorado que arranja. E ainda temos as filhas do relacionamento de Steffi e Bob, Lane (Gaby Hoffmann) e Laura (Natalie Portman), que estão apaixonadas pelo mesmo rapaz; e o filho, Scott (Lukas Haas), um republicano ferrenho numa família de democratas.

Confuso, não é? Dito assim, é um bocado, se virem o filme, nem por isso. De coração partido, Joe decide ir de férias com a filha, D.J., para Veneza. No meio de tanto afogar mágoas, Joe conhece Von (Julia Roberts), e volta a apaixonar-se. Através de D.J., cuja mãe da melhor amiga é, por coincidência, psicóloga de Von, Joe tem acesso a informações sobre os desejos e gostos de Von. Usando as informações para seu proveito, aproxima-se de Von e faz com que ela se apaixone também por ele. Claro que tal farsa e imoralidade não podia dar grandes resultados a longo prazo, e num piscar de olhos Joe está sozinho de novo. Entretanto, Skylar apaixona-se perdidamente por um prisioneiro, Charles Ferry (Tim Roth) que a sua mãe lutou para tirar da prisão. No entanto, Charles não está tão reabilitado quanto isso.

Mas chega de falar na história. O importante é apreciar os momentos belos e hilariantes que levam a este desenrolar dos acontecimentos. Com excepção de Drew Barrymore, todos os actores usam as suas vozes nos números musicais. Enquanto uns se safam bem, outros têm boa voz para escrever à maquina, mas nem isso os faz silenciar. Não importa cantar mal, o essencial é sentir o amor. Ao mesmo tempo que levanta as questões existências normais em Woody Allen, é tudo tratado com a leveza de uma brisa e prevalece o sentimento de bem-estar e paz.

Os one-liners, para não variar, são de rir e chorar por mais. O filme não é perfeito, mas também não tem intenções de o ser. O tom e o ambiente que cria estão no ponto certo, e a cena final entre Steffi e Joe, recordando os velhos tempos, é um tratado sobre como fazer bom cinema, como gerir os tempos até um clímax cheio de beleza. A simplicidade é a chave, e o no fim do filme saímos com o coração acesso e liberto para o amor. Para os românticos e não só.

Classificação: 8/10

1 comentário:

Anónimo disse...

Adorei o blog e ainda mais as tuas críticas Isak ;) Se quiseres colaborar com um novo blog (vai ao profile, é o dois takes), diz qualquer coisa por lá ;) Abraço.