sexta-feira, 25 de julho de 2008

Perto Demais



Título Original: Closer
Realização: Mike Nichols
Ano: 2005

Se o cinema fosse uma ciência exacta, era tudo bem mais fácil. Infelizmente para Mike Nichols, não é isso que sucede. Drama adulto sobre os relacionamentos modernos, com um quarteto de actores de luxo (Natalie Portman, Julia Roberts, Jude Law e Clive Owen) a dividir o protagonismo entre si, sendo que para bónus Natalie Portman ainda se farta de aparecer em trajes menores e Julia Roberts é um bocado para o oferecida, Closer parece prometer muito, não parece? Parece sim senhor, mas é aborrecido que se farta. Mike Nichols , mais conhecido do grande público pelo clássico "The Graduate", já devia ter idade suficiente para saber que quando se tenta fazer um filme todo espertalhão ou se tem muito cuidado ou está o caldo entornado. E em Closer o caldo entorna-se vezes sem conta até não haver mais caldo que sobre, chegando ao ponto de algumas das cenas se tornarem penosas de se assistir, tal o ridículo em que caem as situações e as próprias personagens.

Mas vamos pelo princípio: quando a primeira fala de um filme é "Olá, estranho", começamos logo a suspeitar que estávamos melhor a ver o jogo entre o Porto e o Illiabum na Rtp Memória, a contar para o campeonato nacional de Basquetebol de 1985. Alice (Natalie Portman), uma stripper americana, e Dan (Jude Law), um escritor de obituários, encontram-se por coincidência nas ruas de Londres e é amor à primeira vista. De seguida, já se passou um ano e Dan, escritor falhado, está prestes a publicar um livro sobre a vida de Alice. Esta é uma das características do filme, por cada meia dúzia de cenas temos um salto no tempo de cerca de um ano. A história é contada com inúmeras falhas no tempo, e por azar dá-nos sempre a ideia que o terá acontecido pelo entretanto tem de ser mais interessante do que o que estamos a ver.

Dan, durante uma sessão de fotografias, apaixona-se por Anna (Julia Roberts), a fotografa, que acaba por rejeita-lo. Dan, para a provocar, encontra Larry (Clive Owen) numa Chat Line sobre sexo e, no meio de uma conversa completamente depravada que dá direito a visitas diárias ao psicólogo para o resto da vida, marca um falso encontro para um sítio onde sabe que Anna vai estar. Esta partida, por meio de alguns embaraços, leva Larry para os braços de Anna. Depois é quase um vale tudo: jogos de traição, poder, sedução, amor ou o que mais lhe quiserem chamar. Mais ano menos ano, todos vão para a cama com todos, excluindo as relações gays. Amam-se, desamam-se, voltam a amar-se, a desamar-se e andamos nisto até ao fim.

Closer é uma verdadeira lição sobre como pegar em quatro actores fantásticos e reduzi-los a personagens obscenas e sem o mínimo interesse. Não sei se era esta a intenção, mas se era saiu brilhante. Custa-me eleger, das personagens, a mais perversa e badalhoca. Os diálogos são completamente irreais, com discursos articulados e pensados de gente de classe média-alta interrompidos por assuntos sexuais dos mais diversos que imaginem de 5 em 5 segundos. Tudo bem que é propositado, mas não convence mesmo nada. No meio de tanto engano e mentira, todos procuram o amor. Mas dito desta forma, amor até pode ser arroz de cabidela.

De vez em quando dá nisto, a tentativa de romper com o tradicional, de fazer análises acerca do comportamento humano e sua brutalidade, traz-nos obras completamente afastadas da realidade. Não entendemos as personagens, o que os faz mover ou se quer o que querem. A história é inexplicável, e com tantas voltas e reviravoltas, não lembra a ninguém. Com excepção da banda sonora, de um ou outro momento de maior inspiração pessoal nas interpretações, um ou outro diálogo com piada, tudo se espalha ao comprido. Ah, mas Natalie Portman, com aquelas roupinhas, está cada vez mais provocante. Não paga por pela hora e quarenta de sacrifício, mas é um bom atenuante.

Classificação: 3/10




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