domingo, 17 de agosto de 2008

O Estado Mais Quente




Título Original: The Hottest State
Realização: Ethan Hawke
Ano: 2007


Baseado num romance escrito pelo próprio Ethan Hawke, The Hottest State é a segunda longa-metragem da sua carreira, depois do falhado "Chelsea Walls". Se o livro - segundo rezam as crónicas, porque não o li - era pouco recomendável, o filme não se pode ficar a rir. É mais um exemplo de que por vezes não vale a pena mexer no que está quieto, ou se quiserem, insistir no que nasce torto. Ethan Hawke não foi da mesma opinião e insistiu neste projecto pessoal. O resultado é um filme sem alma e sem substância, que a certo ponto torna-se mesmo aborrecido e repetitivo. É verdade que não é das piores coisas que anda pelas salas de cinema, mas não deixa de ser uma perda de tempo.

A história não tem muito que se lhe diga. William (Mark Webber) é um jovem aspirante a actor que abandonou o Texas com a mãe (Laura Linney) quando era criança. Fruto de um amor passageiro, fica sem qualquer contacto com o pai (Ethan Hawke), que permanece no Texas. Sara (Catalina Sandino Moreno) é uma latina que sonha em ser cantora. Contra a vontade da mãe (Sonia Braga), abandonou a sua cidade para estar sozinha e seguir o seu objectivo. Os dois vivem em Nova Iorque e apaixonam-se logo no início Como se trata de uma obra semi-biográfica, William é a personagem central. É pena, não porque Sara seja uma personagem mais interessante, mas porque pelo menos é bem mais gira. Voltando ao assunto, a primeira parte do filme assemelha-se a um drama adolescente. Quando tudo parece estar a correr às mil maravilhas entre os dois, inclusive com perspectivas de casamento, Sara decide que já não quer continuar a ver William. Nada que se possa condenar, até porque naquela altura já nem eu queria ver mais William. A partir daqui perde-se o tom de leveza e o filme afunda-se mais depressa que o Titanic.

O principal problema é que tudo soa a falso. O amor entre os dois não convence, as situações são forçadas, os diálogos vazios e insignificantes. Tudo fica ainda pior no momento da separação. Depois de uma viagem de sonho ao México, onde os dois passaram praticamente o tempo todo a fazer sexo e a declarar juras de amor, Sara diz a William que não pode estar com ele porque necessita de fazer a vida sozinha, ou algo que o valha. Simplesmente não faz sentido, ou se faz o filme não o mostra e devia. Quem está tão caída de amores como Sara precisa de uma razão mais forte para acabar a relação, que desse maior consistência ao drama. Assim sendo, se ela desse como motivo não gostar dos bifes de peru que William cozinha, a coisa não mudava muito.

É provável que algumas das relações entre jovens de 20 anos tenham este tipo de problemas de imaturidade, mas ao passá-los para o grande ecrã é preciso mais qualquer coisa. Não existe nada que nos faça aproximar das personagens, perceber os seus motivos, sofrer e rir com elas. Pelo contrário, são-nos mostradas como pretensiosas e falsas. Desta forma, não interessa absolutamente nada aos espectadores se eles acabam juntos, separados, divorciados ou solteiros. O que queremos é que acabe rápido, mas nem isso acontece. O filme estica-se por cerca de 1h50m completamente escusados, já que a história se contava facilmente em metade do tempo.

Depois da separação, William assume ainda mais o papel de protagonista. Angustiado, não aceita a decisão de Sara e tenta a todo o custo recuperá-la, na sua forma mimada e irritante. Sem surpresa, as tentativas desesperadas acabam sempre em frustração e sofrimento. Ainda vai ao Texas procurar o pai e os dois falam um pouco, mas não percebi bem a intenção que o levou a fazê-lo. Do que me lembro acho que queria que o pai lhe desse conselhos sobre como lidar com as mulheres, mas se calhar não era bem isso. O que acontece com o pai acontece também com todas as personagens secundárias: não se percebe o que estão lá a fazer, porque a verdade é que não estão a fazer nada.

Os planos no Texas e um ou outro no México são bons, a banda sonora é fantástica. Sónia Braga tem uma participação pequena, mas entra provavelmente na melhor cena do filme, um jantar dolorosamente estranho. Confesso que não fiquei nada convencido com a performance de Catalina Sandino Moreno, mas dou-lhe o benefício da dúvida porque o guião não ajudou em nada.
Actor de primeira, começo a suspeitar que Ethan Hawke não tem o dom para a realização. Nada de grave, não se pode ser bom a tudo.

Classificação: 2/10

3 comentários:

Anónimo disse...

2/10! :|

Anónimo disse...

Enviei-te um mail para cinemasete@gmail.com

Anónimo disse...

Já podes começar a colocar lá críticas e a fazer aqueles "last seen"s ;)