quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Cinemas - Estreia da Semana

Charlie Bartlett - Psicanálise para Todos



A vida não está fácil para Charlie Bertlett: constantemente expulso de escolas privadas, está com dificuldades em adaptar-se à realidade de uma escola pública. Desesperado por ser popular, faz as vezes de psiquiatra, começando a dar conselhos e traficar remédios para os colegas. O plano resulta, mas será ele capaz de encontrar o seu próprio caminho e conquistar Susan, a filha do director por quem está apaixonado?

É uma comédia "light" agradável para os últimos dias de verão, especialmente destinada para um público mais jovem. E tem Robert Downey Jr. num dos principais papéis, o que lhe dá sempre uns pontos extra. Em falta de melhor...porque não?

sábado, 29 de agosto de 2009

A Vida Em Palavras

Sobre a Preseverança



Kima: Fightin’ the war on drugs, one brutality case at a time.

Det. Carver: You can't even call this shit a war.

Det. Herc: Why Not?

Det. Carver: Wars end.

The Wire - 1.01 The Target

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Inimigos Públicos



Título Original: Public Enemies
Realização: Michael Mann
Ano: 2009

De Michael Mann, um dos mestres do cinema contemporâneo, vêem sempre boas notícias. Para os fãs de thrillers de acção de qualidade superior ainda mais. Desta feita, fazendo uso da câmara digital de alta definição, que já o havia acompanhado nos seus dois filmes anteriores - "Colateral" e "Miami Vice" -, traz-nos a história de John Dillinger, famoso gangster especialista em assaltos a bancos nos anos 30, numa América a atravessar a fase da grande depressão. Com Johnny Depp e Christian Bale nos principais papéis, todos os ingredientes estavam reunidos para mais uma obra memorável. Mas não foi bem isso que aconteceu. Embora longe de se tratar de um mau filme, "Public Enemies" nunca consegue atingir os níveis de brilhantismo que a qualidade dos nomes constantes na ficha técnica faziam prever.

Como bom filme de gangsters, temos o inevitável duelo entre dois homens carregados de carisma. Christian Bale interpreta o papel de Melvin Purvis, detective realista, meticuloso e sóbrio, encarregue de capturar Dillinger - isto apesar de Bale ser mais famoso em Hollywood pela tendência a ataques de fúria inesperados. E também não falta a trágica história de amor: Marion Cotillard - mais conhecida pelo seu papel como Edith Piaf - é Billie Frenchette, por quem Dillinger se perde de amores e a quem promete nunca abandonar. Promessas já se sabe, leva-as o vento, mas no caso de Dillinger não é bem assim: ele nunca as deixava por cumprir.

John Dillinger era um fora-da-lei, mas nem isso evitou que se transformasse numa figura importante da cultura popular, amado pela sociedade do seu tempo. Fazendo uso do seu charme, rígido código de ética - nunca roubava o dinheiro dos clientes, apenas dos bancos - e talento em escapar-se das prisões, transportava consigo uma aura de herói, evocando a lenda de Robin Hood. Quem melhor do que Johnny Depp para transpor todos estes elementos para o ecrã? Provavelmente ninguém. É uma das melhores interpretações do ano, mas traída por uma história permanentemente indecisa sobre qual o melhor caminho a seguir: se apresentar Dillinger como herói ou evidenciar a sua faceta fria, cruel e violenta. A ideia seria uma junção harmoniosa de uma coisa e outra, mas na verdade ficou-se a meio caminho. Ou seja, não se chegou a lado nenhum.

E não chegar a lado nenhum é mesmo outro dos problemas de "Public Enemies". Como é hábito em Mann, os acontecimentos vão-se desenrolando lentamente, levando o seu tempo, como uma brisa suave que, de súbito, e quase sem os espectadores darem por isso, se torna forte rajada de vento. Mas aqui raramente saímos da leve brisa que não chega para levantar os ânimos. E não é por escassez de cenas de acção espantosamente realizadas que tal acontece. Se calhar até são demais - vários actores entram e saem de cena tão rápidamente que nem chegamos a perceber o que andavam ao certo por lá a fazer. O que falta é um maior apelo e profundidade dramática das personagens. E sem isso, nada feito.

De facto, no que se refere à excelência da realização, não há um pormenor esquecido que se possa apontar. Tudo, desde os movimentos de câmara à banda sonora (fantástico cameo de Diana Krall), passando pela fotografia e os detalhes de época, está meticulosamente trabalhado. Mas quando falha o aspecto humano, as qualidades técnicas ficam relegadas para segundo plano. Tanta precisão factual levou a que "Public Enemies" não tenha conseguido a necessária ligação aos dias de hoje. Falta-lhe um sentido maior, que atravesse o filme de forma transversal e lhe dê outra grandeza. Assim sendo, é apenas uma obra de óptimo entretenimento e uma pedagógica lição de história.

Apesar do que foi dito acima, vale a pena reservar duas horas para ver este filme, mais não seja porque a Michael Mann perdoa-se tudo – ninguém nos tira a certeza de termos sempre "Heat" para nos relembrar o que é cinema de topo.


Classificação: 6/10

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Cinemas - Estreia da Semana

Up - Altamente



Primeiro filme de animação com honras de abertura no festival de Cannes, "Up - Altamente" promete momentos de pura diversão para miúdos e graúdos. A história da improvável amizade entre um velho rabugento, que decide atar balões à sua casa e voar até à América do Sul, e uma criança que viaja clandestinamente no alpendre, irá decerto fazer vacilar o coração do mais forte dos espectadores.

A produção está a cargo dos estúdios da Pixar que, como os seus trabalhos anteriores nos demonstraram, não gostam nada de brincar em serviço. E são já demasiados os motivos para não deixar passar esta oportunidade de dispensar duas horas na agenda para assistir a cinema de primeira água. Seja em 3d, na versão portuguesa ou na versão original, vão por mim, "Up - Altamente" é simplesmente imperdível.

sábado, 8 de agosto de 2009

A Vida Em Palavras

Sobre a Diferença




KENNY: I want to be normal.

HOUSE: Take your steroids. And you get to live. And you can do your surgery. But it'll only change your face. It won't change who your face made you.

House M.D. - 4.07 Ugly

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Contrato



Título Original: Contrato
Realização: Nicolau Breyner
Ano: 2009

Nicolau Breyner é presença assídua em quase tudo o que é filme nacional. Já todos nos habituamos a que assim seja, e nem nos importamos muito com isso, até porque se trata de um actor respeitável e com talento - qualidades que grande parte dos que por aí andam não se podem gabar de possuir. Só que desta vez, farto de estar à frente das câmaras a levar com as indicações dos outros, Nicolau decidiu inverter os papéis: meteu mãos à obra e tentou a sua sorte na realização. Visto desta forma, parece uma boa ideia. Afinal, depois de uma carreira recheada como actor, ninguém melhor do que ele conhece o meio em que está envolvido, os seus truques e perigos. Alguma coisa deve ter aprendido sobre como realizar um filme, certo? Errado. O resultado é um filme paupérrimo e risível, sem ponta de sentido ou interesse. Felizmente para os envolvidos, a fantochada ainda não paga imposto.

Já diz o povo que quando não se sabe fazer uma coisa, o melhor mesmo é estar quieto. Nicolau não é da mesma opinião, e quem sofre com isso é o público. "Contrato" é um filme de acção, um thriller baseado no romance "Requiem para Dom Quixote", de Dinis Machado. Feito com um baixo orçamento, "Contrato" poderia eventualmente ter alguma graça, não fosse o caso de se levar tão a sério que caí imediatamente no ridículo aos 5 minutos de filme. Peter McShade (Pedro Lima) é um assassino profissional que, após ter sido mal-sucedido no seu último trabalho, é contratado para matar Georgios Thanatos (Nicolau Breyner, ele mesmo), um importante chefe da máfia. Só que Peter não tem o trabalho tão facilitado quanto parece à primeira vista. Agredido por três homens, vai parar ao hospital, onde conhece Júlia (Cláudia Vieira), a enfermeira que trata de si - e muito bem, por sinal - durante esse período.

E quando tudo o resto falha, a receita é a do costume: mamas a saltar pelo ecrã fora, que sempre dá para animar a malta. Disfarça alguma coisa, é verdade, mas um par de mamas, por muito bom que seja, não justifica hora e meia de filme e muito menos o preço do bilhete. Cláudia Vieira aproveita qualquer desculpa para pôr cá para fora os seus atributos, em situações que tanto são embaraçosas ou ridículas, de tão más e forçadas que saem. O porquê de esta ter aceite protagonizar algumas dessas cenas é um mistério difícil de explicar, ainda mais quando o seu corpo é usado de forma tão evidente e descarada, sem o mínimo de necessidade para o desenrolar da história. Sempre deu para promover o filme e enganar alguns incautos, que de certo não irão esquecer tão cedo a lição.

O principal problema de "Contrato" está no argumento. A história não faz sentido, não chega para encher hora e meia e arrasta-se penosamente até um final totalmente falhado, em que tudo se explica em poucos minutos de forma atabalhoada. Tudo o resto poderia ser desculpado, não fosse o facto da narrativa apresentar falhas de consistência enormes. Não existe uma personagem bem construído, ritmo e construção da tensão nem vê-los e os diálogos são mais falsos que as minhas t-shirts da feira.

Do elenco, safam-se Vítor Norte e Nicolau Breyner. Cláudia Vieira e Sofia Aparício - que aparece por lá ninguém sabe bem a fazer o quê - estão claramente na profissão errada. Pedro Lima está assim-assim, mas com uma personagem tão pobre como a que lhe foi dada, não seria justo pedir-lhe para fazer melhor. Quanto ao trabalho de câmara, frio e distante, sem qualquer rasgo de originalidade, serve para um novela, mas é insuficiente para um filme. E depois temos o product placement, que de tão óbvio torna ainda mais ridículo todo o filme. "Contrato" é patrocinado pela Skoda, logo todas as personagens, bons e maus da fita, conduzem Skodas para todo o lado. E pelo meio, ainda há um diálogo a gabar as capacidades dos carros da marca.

Enfim, é tudo mau demais. Nicolau Breyner esqueceu-se que não está em Hollywood, e como tal que não tem nem o dinheiro nem a experiência que existe nos EUA para a realização de filmes de acção sérios e credíveis. Vendo o resultado final, outro tipo de abordagem, mais descontraída e atrevida, seria de todo o interesse. Se já vimos piores? Claro que sim. No entanto, já não faz sentido apostar em projectos de qualidade duvidosa, mortos à nascença. É brincar com o público e com o cinema português, que merecem obras de qualidade e não mamas a abanar para chamar gente aos cinemas. Deste cinema "mainstream" de trazer por casa, que merecia nem ver a luz do dia, já nós estamos mais que fartos. Se virem este filme em algum lado, façam um favor a vocês próprios: fujam.

Classificação: 1/10

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A Valsa com Bashir



Título Original: Vals Im Bashir
Realização: Ari Folman
Ano: 2008

É improvável, mas vem de Israel um dos mais surpreendentes e perturbadores filmes dos últimos anos. "A Valsa com Bashir" é um documentário de animação que procura reconstruir as memórias que Ari Folman - ao mesmo tempo realizador e personagem principal - guarda do seu envolvimento na invasão de Israel ao Líbano, em 1982. O resultado é uma mistura extasiante entre o sonho e a realidade, em que nunca conseguimos encontrar uma distinção clara entre o que realmente aconteceu e o que as recordações dos intervenientes fabricaram, vinte anos passados sobre o conflito. Mas apesar de todo o aspecto onírico e surrealista que atravessa o filme, são as passagens introspectivas, em que as personagens olham para trás e se apercebem da verdadeira dimensão das suas experiências na frente de combate, que dão a esta obra o rótulo de imperdível.

O filme abre com uma assustadora sequência na qual um grupo de cães, violentos e raivosos, atravessa as ruas da cidade de Telavive, derrubando tudo o que lhes aparece no caminho. O que vemos é a representação de um pesadelo que tem vindo a atormentar um amigo de Ari Folman nos últimos dois anos e meio, e que tem origem no tempo de serviço que prestou no exército israelita - onde foi obrigado a matar exactamente vinte e seis cães. Atormentado, procura que Folman lhe dê algum tipo de conselho sobre como ultrapassar o trauma. É nesse momento que Folman se apercebe que, com excepção de uma imagem fugaz, é incapaz de relembrar-se do período em que esteve no Líbano. A mente bloqueou essas memórias.

Esse facto deixa-o inquieto e com a sensação de que necessita de perceber a verdade sobre o que realmente aconteceu, especialmente no que se refere ao massacre de Beirute. É a partir daí que procura os antigos amigos que com ele estiveram no Líbano, para lhe poderem ajudar a devolver as recordações. Desse modo vai completando o puzzle na sua mente, ao mesmo tempo que permite aos espectadores visualizar a narração que estes lhe dão dos acontecimentos - alguns caricatos, a maior parte dramática e trágica. O uso da animação permite a liberdade de nos misturarmos no universo estilizado das personagens, de outra forma missão quase impossível, imprimindo uma energia visual invulgar. É a prova de que a animação não se esgota na fórmula dos filmes da Disney, e que pode e deve ser usado com a mestria com que outros usam câmaras e actores.

Acima de tudo, "A Valsa com Bashir" preocupa-se em mostrar como é que os soldados, na altura com meros 20 anos e agora homens de meia-idade, sentiram os acontecimentos, e também como é que o tempo que entretanto passou moldou a sua visão sobre eles. Todos eles têm contas a ajustar com o passado, feridas ainda bem abertas, imagens e pecados que provavelmente os vão acompanhar até ao fim da vida. Os motivos da entrada de Israel no Líbano, divisões ideológicas ou as opiniões sobre de que lado se encontrava a razão não são aqui abordados, nem interessam.
Os sentimentos mais comuns no filme são o de nostalgia e tristeza, bem evidentes, aliás, na forma como são evocados os acontecimentos passados. O próprio horror de toda a situação chega-nos de uma forma desencantada, a um ritmo lento, mas com grande impacto psicológico. À medida que o filme se vai aproximando do fim, a tensão sobe e atinge-nos de forma cada vez mais certeira, até chegarmos a uma sequência final simplesmente arrepiante, onde a animação dá lugar a imagens reais das consequências do massacre de Beirute. Essa mudança súbita faz-nos aperceber da verdadeira dimensão humana do massacre, atira-nos o insustentável peso da realidade para os ombros. E deixa-nos sem reacção, a precisar de alguns segundos a olhar para a tela vazia, já depois de o filme ter terminado, para nos recompormos.

"A Valsa com Bashir" quase não tem defeitos. Embora tenha passado mais ou menos despercebido pelo nosso país e tenha visto fugir o Óscar de melhor filme estrangeiro, trata-se de uma obra marcante e incontornável, um registo que ficará gravado na retina de quem o viu. A inovadora utilização da animação, aliada à narrativa clássica dos documentários, revelou-se uma aposta mais que ganha. Tal como Ari Folman constatou por si próprio, a visão que tem sobre a existência não mais voltou a ser a mesma depois de pisar território onde reina a devastação e a morte. Também para nós, espectadores, é uma viagem inesquecível aos infernos. Não percam a oportunidade de ver esta pérola.

Classificação: 10/10

sexta-feira, 13 de março de 2009

O Wrestler




Título Original: The Wrestler
Realização: Darren Aronofsky
Ano: 2008

De tempos a tempos surge no cinema aquele tipo de personagens enormes, maiores que o mundo, cuja aura ultrapassa a do próprio filme onde entram, capazes de invadir o imaginário popular e resistir ao teste do tempo. Randy "The Ram" Robinson é, sem dúvida, um desses casos raros. E se é verdade que houve um conjunto de factores que contribuíram para que isso acontecesse, um é absolutamente essencial: Mickey Rourke. Não havia melhor escolha para liderar o elenco e Aronofsky, ao insistir na sua contratação, mostrou que sabe apostar no cavalo certo - tendo em conta a presença física e aspecto de Mickey Rourke, a palavra "cavalo" não anda assim tão longe de ter sentido literal.

As semelhanças entre Mickey Rourke e a personagem que interpreta são evidentes, o que dá ao filme um aspecto tão realista que a certa altura nos faz questionar se estamos a acompanhar a queda no mundo da decadência de "The Ram" ou dele próprio, se se trata de uma ficção ou de um documentário biográfico. Os mais jovens poderão já nem se lembrar, mas nos seus tempos áureos, nos anos 80, Mickey Rourke foi uma das maiores promessas de Hollywood, um símbolo sexual capaz de arrebatar o coração de qualquer mulher. Um vida feita de excessos, o seu conhecido feitio difícil e uma incursão no boxe profissional fizeram com que caísse no esquecimento e, mais do isso, com que se transformasse num destroço, seguindo um arrepiante caminho para a autodestruição. São as voltas que a vida dá e não há nada a fazer quanto a isso.

Mas de volta ao filme, Randy "The Ram" Robinson é uma lenda do wrestling que, vinte anos após o auge da sua carreira, se limita a encher o corpo de esteroídes e a participar em insignificantes e violentos combates em terrinhas perdidas no mapa. Caído em desgraça e isolado do mundo, vive numa rolloute e trabalha num pequeno supermercado, onde o dinheiro que ganha nem chega para pagar a renda a tempo e horas. Estão a começar a encontrar as tais semelhanças? Completamente parado nos 80´s, "The Ram" não se tenta adaptar aos novos tempos. Continua a ouvir a mesma música hard rock, a jogar na mesma consola Nintendo de que já nem os fabricantes se lembram e a estar rodeado dos seus próprios bonecos de acção da época. Como "The Ram" diz a meio do filme, "The '90s sucked".

É apenas no carinho do público e dos companheiros no mundo do wrestling que consegue encontrar algo que faça sentido na sua vida. Por esse motivo continua a insistir em subir ao ringue, quando o corpo já dá sérios sinais de não aguentar mais: para lutar contra o esquecimento a que foi votado, para fazer aquilo que mais ama. E torna-se comovente assistir ao seu esforço inglório, e até deprimente, para regressar aos velhos tempos, nem que por uns meros minutos, mesmo pondo em risco a sua vida.

Entretanto também passeiam pelo filme Marisa Tomei, a stripper Cassidy por quem "The Ram" se apaixona, e Evan Rachel Wood, a filha com quem "The Ram" tenta restabelecer uma relação, após longos anos sem contacto. Nada que interesse muito, até porque ambas fazem mais papel de corpo presente do que outra coisa qualquer. Fica especialmente na retina que Marisa Tomei continua em grande forma e com tudo no sítio, mas isso para o caso não é importante. Temos então o lutador nostálgico dos velhos tempos, a tentar formar laços com uma stripper e com a filha que negligenciou durante anos. Estão com a sensação de que já viram isto antes? Sim e não. É verdade que o filme salta de cliché em cliché, mas podem estar descansados, pois Aronofsky e Mickey Rourke são incapazes de deixá-lo cair na banalidade.

"The Wrestler" é uma mistura entre "Rocky Balboa" e "Touro Enraivecido", mas não é por isso que se deixa limitar, conseguindo encontrar o seu próprio espaço e sentido. "The Ram" é uma personagem única e excelentemente interpretada, o que faz toda a diferença. O seu discurso final ao público que o acompanha, dramático e tocante, é a prova disso mesmo e o clímax perfeito para a forma como o filme se desenrolou. Duvído que "The Wrestler" seja o grande comeback de Mickey Rourke - já vai tarde para isso -, mas uma forma de também ele ir, honradamente e sem arrependimentos, dizendo adeus aos grandes palcos. Tal e qual a sua personagem.

Quanto a Aronofsky, tem aqui o seu mais convencional trabalho. Filmado em estilo de documentário, segue as personagens de um lado para o outro, apanhando por diversas vezes planos das suas costas. Depois de Requiem For a Dream ou The Fountain, que viviam sobretudo de uma realização e edição ágeis e alucinantes, Aronofsky virou completamente a agulha. Se for com estes resultados, pode fazê-lo mais vezes que ninguém se importa.

Classificação: 8/10

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Quem Quer Ser Bilionário?



Título Original: Slumdog Millionaire
Realização: Danny Boyle
Ano: 2008

Slumdog Millionaire pode nem ser o melhor filme do ano, mas é seguramente o grande fenómeno cinematográfico do ano. Grande vencedor da edição dos Óscares, esteve a uma unha negra de não arranjar distribuidora e ir parar directamente à distribuição em DVD. Com um orçamento dez vezes inferior ao de Benjamin Button, um elenco constituído por perfeitos desconhecidos e estreantes, filmado na longínqua Índia e sem a poderosa máquina publicitária de Hollywood como suporte, estavam reunidas todas as condições para passar completamente ao lado do grande público. Contrariando as expectativas, acabou por gerar-se um enorme hype em seu torno que desencadeou um sucesso estrondoso. Tal como no filme, é bom saber que na vida real também acontecem histórias inesperadas e com final feliz. Só por isso já seria de saudar a audácia de Danny Boyle.

Mas Slumdog Millionaire não se esgota no hype, e não é difícil perceber porque se tornou extremamente popular entre o público. Danny Boyle, numa das suas obras mais acessíveis e convencionais até à data, conta-nos a história de Jamal (Dev Patel), um jovem orfão de Bombaim cujo emprego é servir chás num call-center. Jamal está apenas à distância de uma resposta certa de levar para casa o prémio do concurso "Quem Quer Ser Milionário?". A questão que se levanta agora é a seguinte: como pode um simples e pobre zé-ninguém sem estudos, que cresceu nas ruas, conseguir responder certo a tantas perguntas? A polícia está convencida que Jamal fez batota e leva-o para a esquadra, onde se desenrola um interrogatório com contornos violentos. É ai que, para justificar como sabia as respostas, Jamal conta as peripécias da sua vida desde infância, passando o filme a partir desse momento a intercalar os flashbacks com o interrogatório e a participação no concurso.

Ao acompanharmos a infância e adolescência de Jamal, acompanhamos também a evolução da realidade social da Índia, onde apesar do desenvolvimento recente e do crescimento da classe-média, continuam a existir cidades sobrelotadas em que o Ganges serve de esgoto, miséria sem fim e bairros controlados por gangues violentos. Jamal, miúdo honesto, atrevido e bem-intencionado, é o típico "underdog", que cresce rodeado por circunstâncias que o impedem de ser alguém na vida e, principalmente, de estar junto à sua grande paixão, Latika (Freida Pinto). Mesmo constantemente enganado e subjugado pelos mais poderosos, não desiste nunca de a procurar. Lá no fundo, Slumdog Millionaire é apenas uma simples e lamechas história de amor sem nada de extraordinário, mas bem envolta num cenário e conjunto de peripécias excitantes e dramáticas que acabam por fazer esquecer esse facto.

Em muitos aspectos é impossível não nos vir à memória Cidade de Deus. A história tem pontos em comum, a realização é da mesma colheita: ritmo e edição frenéticos numa mistura de romance com suspense e thriller, tudo alicerçado numa fantástica energia visual. Dá ideia que Danny Boyle estudou bem a lição de Fernado Meirelles, embora Cidade de Deus seja cinema de outro campeonato, ao alcance de muito poucos. As sonoridades de Bollywood assentam como uma luva e a escolha do par de protagonistas, Dev Patel e Freida Pinto, apesar de ser um risco revelou-se uma aposta ganha.

Mas acima de tudo Slumdog Millionaire tem em alma e coração o que lhe falta em consistência narrativa. Capaz de nos enrolar nas emoções das personagens e nos fazer torcer por um final feliz, deixa o mais insensível dos espíritos bem-disposto após o final. Mágico, simples e entretido, embora aborde temas sérios e deprimentes, acaba por se inserir na categoria dos feel-good movies. Talvez tantos Óscares tenham sido um exagero e talvez o filme esteja a ser sobrevalorizado, mas não deixa de ser surpreendente esta visita a Bombaim pela mão de Danny Boyle.


Classificação: 7/10

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Fome




Título original: Hunger
Realização: Steve McQueen
Ano: 2008


Cruel, violento, perturbador. Assim se descreve em poucas palavras a estreia de Steve McQueen, conceituado artista plástico britânico, na realização. "Hunger" conta a história das últimas semanas de vida de Bobby Sands (Michael Fassbender), membro do IRA que, em 1981, liderou uma greve de fome em protesto contra as políticas de Margaret Tatcher relativamente aos movimentos independentistas da Irlanda do Norte. Mistura de ficção com documentário, é um relato poderoso e incómodo sobre a vida na prisão de Maze, onde o ódio de décadas e o medo são os sentimentos reinantes entre guardas e prisioneiros. Ao contrário da abordagem de outros filmes sobre o mesmo tema, Steve McQueen não se preocupa em entrar em derivações políticas ou em análises profundas sobre a validade dos argumentos de ambos os lados da luta. Limita-se a mostrar, sem artifícios ou embelezamentos, a brutalidade de um conflito onde a razão há muito foi deixada de parte.


"Hunger" não segue uma estrutura narrativa clássica, é um filme artístico e experimental que se divide claramente em três actos ligados por uma mesma realidade. De estrutura rígida e minimalista, Steve McQueen reduz o diálogo ao essencial e é o fulgurante ambiente visual que, por si só, funciona como motor da história. É através deste método que começa por nos mostra as rotinas de um guarda-prisional (Stuart Graham), que incluem submergir os nós dos dedos em água para sarar as feridas de espancar prisioneiros, ou procurar bombas debaixo do carro para se assegurar que tal comportamento não o torna a próxima vítima do IRA. Entretanto, acompanhamos também dois prisioneiros que, como forma de luta pelo não reconhecimento do estatuto de prisioneiros políticos, recusam-se a manter a higiene pessoal e utilizam os próprios fluidos corporais para pintar as paredes da cela.

É só após esta visita ao dia-a-dia na prisão de Maze que encontramos a personagem principal, Bobby Sands, no momento em que é arrastado para uma banheira onde um guarda o esfrega com uma vassoura, acabando a sua resistência por provocar uma rixa com uma violenta intervenção policial. Aqui começa a segunda parte do filme, que se estende num fabuloso plano-sequência de aproximadamente 10 minutos, onde Sands dá a conhecer as suas intenções de levar a cabo a greve de fome ao padre Moran (Cunningham). Esta é a cena central e fulcral de "Hunger", cheia de energia e vivacidade, embora a câmara se mantenha intocável. Numa obra quase sem diálogos, é nesta conversa sobre a validade ética do acto desesperado de Sands que percebemos um pouco sobre as motivações dos intervenientes e as bases ideológicas do conflito.

A última parte centra-se na impressionante decadência física e psicológica de Bobby Sands. Com imagens chocantes, para ser simpático, assistimos ao lento tormento de um homem consciente de que, para se manter fiel à causa, só a morte lhe resta. O filme, despojado de qualquer tentativa de romancear os acontecimentos, não tenta tornar Sands um mártir ou um herói. No entanto, concorde-se ou não com o protesto, é impossível deixar de sentir respeito pela forma como, no meio de tamanha insanidade, Sands e muitos outros homens nunca deixaram de lutar e foram capazes de se sacrificar pelo que acreditavam ser justo. Nesta fase, os espectadores já estão completamente embrulhados na história, e apercebemo-nos do quão importante e pessoal a disputa se tornou para ambos os lados do conflito, indisponíveis para ceder um milímetro que seja.

"Hunger" é um filme obrigatório e um dos melhores de 2008. Requer estômago e em algumas partes paciência, mas no fim é certo que vem a recompensa. Original e destemido, depois de uma primeira obra deste calibre só se pode augurar um futuro promissor a Steve McQueen. Com uma realização de inegável qualidade, engendra imagens brilhantes e ao mesmo tempo assustadoras, que conseguem a espaços representar a violência e a dor de forma quase poética. McQueen faz com que cinema bom e original pareça uma coisa simples. Basta não ter medo de arriscar, saber à partida o que se quer mostrar e a forma como o fazer. Por cá, ficamos felizes se continuar assim.

Classificação: 8/10

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O Estranho Caso de Benjamin Button




Título Original: The Curious Case of Benjamin Button
Realização: David Fincher
Ano: 2008


Líder nas nomeações para os Óscares e um dos grandes favoritos para conquistar a estatueta dourada nas principais categorias, "Benjamin Button" era um dos filmes mais esperados deste início de ano. Com um realizador de topo ao comando e um elenco de luxo ao seu dispor, nada fazia prever que as expectativas geradas em seu torno caíssem em saco roto, mas foi exactamente isso que aconteceu. Vazio de significado e previsível desde o primeiro minuto, tenta adquirir contornos de épico dramático, mas nunca consegue chegar perto da consistência necessária para o fazer. Quando se projecta um filme para atingir altos voos, corre-se o risco de este nem sequer sair do chão. Parece ter sido este um dos principais problemas de "Benjamin Button", já que a forma acaba por sobrepor-se ao conteúdo e no final, depois de tudo bem espremido, apercebemo-nos que a "laranja" tem muito pouco sumo para nos dar.

Benjamin Button (Brad Pitt) é, como ele próprio nos diz, uma criança que "nasceu sob circunstâncias curiosas". Invertendo o ciclo normal de vida, nasceu velho caquéctico e vai ficando mais jovem com a passagem do tempo. Confrontado com esta condição, tem de aprender a conviver com o envelhecimento das pessoas que ama, enquanto o seu corpo rejuvenesce a cada dia que passa. Desde muito cedo desenvolve uma relação íntima com Daisy (Elle Fanning e, mais tarde, a lindíssima Cate Blanchett), que por razões desconhecidas se apaixona desde criança por Button, mesmo tendo em conta que ele estaria na casa dos 70 anos nessa altura. Esse amor, claro está, vai-se desenvolver ao longo do filme e atinge o apogeu quando os dois, a caminhar em direcções opostas, se encontram finalmente na mesma faixa etária.

Só que a história falha em conseguir cativar o interesse do público. A simples premissa faz com que a relação entre Button e Daisy pareça sempre um pouco forçada, o que se torna ainda pior quando é evidente que o amor entre os dois é o principal motor da narrativa. Para além disso, Button é uma personagem excessivamente passiva. Se o mundo desabar à sua volta ele limita-se a contemplar o desastre. Aceita o seu destino com uma resignação digna do Dalai Lama, não tem um único momento de dúvida ou de revolta. É emocionalmente oco, sem objectivos ou interesses que o individualizem. Define-se unicamente pelo seu processo de rejuvenescimento, e isso é muito pouco para encher mais de duas horas e meia de filme. É muito difícil importarmo-nos com o seu destino trágico, se nem ao próprio Button isso parece preocupar.

Mas se em termos dramáticos as falhas são mais que muitas, visualmente não existe nada a apontar. David Fincher empregou o seu enorme talento na criação de imagens e cenários perfeitos, com recriações meticulosas das várias épocas que atravessa. É uma obra visualmente imponente, a piscar o olho à tentativa de realização de um épico grandioso, cuja própria duração é testemunha. O problema está quando procuramos o que está por detrás das imagens. Vindo de David Fincher, responsável por filmes tão negros e obscuros como "Seven" ou "Fight Club", não era de esperar uma viragem tão acentuada para o lado sentimental. Esperemos que "Benjamin Button" seja apenas uma excepção no caminho.

O argumento é da autoria de Eric Roth, baseado numa história original de F. Scott Fitzgerald. Para quem não conhece Eric Roth, foi o responsável pelo argumento de "Forrest Gump". E as semelhanças são indisfarçáveis, com a utilização do mesmo género de realismo mágico. Se Forrest Gump teve a sua piada, "Benjamin Button" encontra-se por diversas vezes no território da lamechice primária. Os dois filmes centram-se nas experiências de uma personagem central inadaptada e inocente, que por circunstâncias diversas percorre meio mundo e depara-se com aventuras inesperadas, isto enquanto aproveita para aprender meia dúzia de lições de vida inspiradoras e melancólicas. Em "Benjamin Button" a vida pode não ser como uma caixa de chocolates, mas garanto-vos que não anda muito longe (a tagline é "You never know what's comin' for you"). A fórmula é a mesma, mas aqui está velha e gasta.

E no final invade-nos a sensação de que andamos às voltas, às voltas, e não chegamos a lado nenhum. Sobram os pormenores de realização e o fantástico trabalho de caracterização de Brad Pitt e Cate Blanchett. É um filme que consegue não aborrecer muito, mas de um favorito aos Óscares espera-se que seja mais que isso. E de certo que pouca gente terá vontade de o rever no futuro.

Classificação: 4/10

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Antes Que o Diabo Saiba Que Morreste




Título Original: Before the Devil Knows You're Dead
Realização: Sidney Lumet
Ano: 2007

May you be in heaven half an hour... Before the devil knows you're dead. É com esta simples frase, um velho provérbio irlandês, que o filme abre. E logo aí prepara-nos para o que se segue: um relato cru e adulto sobre relações familiares turbulentas, onde todos são capazes de tudo para atingir os seus objectivos. Aqui não existe um segundo pensado para as complacências, os amores indestrutíveis ou as amizades duradouras. Mas sobram enganos, mentiras, violência (física e psicológica) e discussões. Tudo tem um preço. É a espécie humano no seu lado mais negro. Aos 83 anos, Sidney Lumet demonstra-nos que velhos são os trapos e que a idade continua a ser, mesmo nos dias de hoje, um posto. Para quem pensava que por estas bandas já nada de novo podia surgir, desengane-se. Antes Que o Diabo Saiba Que Morreste é, sem dúvida, um dos melhores filmes do ano passado.

Andy (Philip Seymour Hoffman) e Hank (Ethan Hawke) são dois irmãos que, por razões diferentes, atravessam um período complicado na sua vida. No entanto, a solução para os seus problemas é simples e está identificada: necessitam de dinheiro. Andy, um poderoso executivo, passa os dias a consumir droga num apartamento de luxo em Manhattan. Quem não tem dinheiro não tem vícios, mas deixar os luxos e a droga de lado parece estar fora de questão. Hank, por seu lado, não consegue simplesmente pagar a pensão mensal da filha. Os seus recursos financeiros são muito inferiores aos de Andy, assim como parecem ser as suas ambições. Perante a pressão da ex-mulher para saldar as pensões em atraso e a dificuldade em admitir perante a filha que não é capaz de lhe pagar seja o que for, tem de arranjar rapidamente uma forma de surgir com o dinheiro. No meio está Gina (linda, linda, Marisa Tomei), mulher de Andy que mantém um caso com Hank.

É neste contexto que Andy, frio e calculista, surge com uma ideia imoral, mas aparentemente inofensiva: assaltar a joalharia dos pais. Com o seguro a cobrir por completo as perdas do assalto, todos ficariam a ganhar. Andy, a mente por detrás deste esquema, consegue convencer Hank, inseguro e frágil por natureza, a alinhar com o seu plano. Ambos conhecem bem como a joalharia funciona, as suas debilidades e a melhor hora para proceder ao assalto, para além de que não iriam utilizar armas. Infalível na teoria, um desastre na prática. Hank (o "bébé da família") volta a deixar que os medos o dominem e arranja um amigo para fazer o assalto por ele, que acaba num banho de sangue e na morte da mãe. Agora, o pai (Albert Finney ) promete não descansar até encontrar os responsáveis. A partir daqui Sidney Lumet vai deixando de lado o thriller e concentra-se no melodrama familiar, pesado e intenso como só os melhores sabem fazer.

O filme não tem uma estrutura narrativa linear. Os momentos antes e depois do assalto são apresentados sobre o ponto de vista das personagens envolvidas, com vários saltos e recuos na história. É verdade que esta escolha nada traz de especialmente inovador ou atractivo, mas permite-nos perceber melhor os sentimentos das personagens, os seus ódios recalcados e principalmente como cada uma delas reage perante as adversidades. O argumento, da autoria de Kelly Masterson, sabe por onde e para onde nos quer levar. Actores de qualidade superior como Seymour Hoffman, Ethan Hawke, Marisa Tomei e Albert Finney fazem o resto.

A partir da morte da mãe, os dois irmãos são obrigados a conviver com o remorso e a culpa, ao mesmo tempo que procuram desfazer-se das provas que os podem ligar de alguma maneira ao assalto. Conforme o mundo de ambos se desmorona, torna-se trágico assistir ao que são capazes para se protegeram, como o desespero os leva aos limites. Lumet cria cenários minimalstas e aparentemente imaculados, como o apartamento de Andy ou do seu dealer. O ambiente perfeito para representar ligações familiares onde tudo é fantástico à superfície e podre no interior, onde qualquer um se comporta como um chefe da máfia russa.

Antes Que o Diabo Saiba Que Morreste agarra-nos desde o primeiro minuto e permanece no nosso pensamento muito depois de rolarem os créditos finais. Com um toque clássico e paciente, vive sobretudo das fantásticas performances do seu elenco. Não necessita de perseguições, explosões, gritarias ou pancada velha para manter um ritmo elevado e a tensão no limite. Um silêncio ou uma expressão pode ser tão violento como um berro. Sidney Lumet tem idade para o saber bem. Nós agradecemos que assim seja. Cinema deste calibre até dá gosto. Se ainda não viram, só posso dar um conselho: vão a correr.

Classificação: 8/10